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Mostrando postagens de fevereiro, 2007

No deserto de Itabira.

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Foto de Paulo Bizarro. No deserto de Itabira (Conversa com a “Viagem na Família” de Drummond) No deserto de Itabira, Quantos silêncios... Há uma solidão que não sei onde se esconde, Uma ausência que se desfaz ausente, Areia e pó a valsar nos cantos Como reminiscências de outros ventos. No deserto de Itabira Desfaleço em meu suor Escorrendo do rosto, como lágrimas, Sob o sol escaldante Que o mar de histórias me lança. No deserto de Itabira Minha infância me faz visita Brincando de esconder e de achar No jogo de claro e escuro Que aos olhos parece miragem Mas que as entranhas identificam Como película de familiaridade. O deserto de Itabira Corrói o coração menino Enferrujando o sangue que pulsa. As veias conduzindo o irrisório riacho, Já minguando em sua secura, Entre as pedras que anunciariam a queda. Ainda viva, a sombra de meu pai. Caminha a meu lado, mais companheira do que nunca, como a despertar-me de sonhos esquecidos. Não sei como pude me distrair E conduzir meus passos olvidando

Para Mari.

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Foto de José Manoel Durão. Para Mari. Acreditas em poesia? Pois poesia está em tudo. Na maneira como despertamos, no bom dia que espalhamos, no sorriso que comungamos, nos olhares que trocamos, nas idéias que pensamos, nos lugares aonde vamos, na música que ousamos, no rosto que estampamos. Acreditar em poesia é ser poliglota, pois não apenas o mel pode ser doce, não apenas as estrelas têm seu próprio brilho, não apenas Deus é puro amor não é apenas a flor que desabrocha. Acreditar em poesia é ser vidente, acreditar na beleza da vida e que ela pode ser plena, apostar que resolveremos o problema, que a alma é grande e que a tristeza é serena, que são os detalhes que conotam a cena. Acreditar em poesia faz a gente esquecer um pouco de quem a gente é e pensar que podemos estar em muitos lugares ao mesmo tempo, que podemos mudar o sofrimento, que podemos voltar e avançar no tempo, que podemos voar e ser invisíveis como o vento. Acreditar em poesia faz a gente desconfiar de que também somos