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Mostrando postagens de abril, 2020
O divórcio É triste. Acima de tudo, é triste. Em quaisquer circunstâncias, é triste. Os meninos são os que mais sofrem, e sofrem calados. Ainda crianças, não têm palavras para dizer, dizem com o corpo e com suas ações. E ninguém entende essa linguagem. Cuidam para que o pior não aconteça. Mas, o que é o pior? Saímos dessa situação sempre cheios de marcas doídas. É difícil se sentir inteiro, difícil se olhar no espelho, difícil não se achar feio. Somos um fracasso, desperdiçamos algo de valor, destruímos uma família... Somos médico e monstro. Para curar uma dor provocamos outras. E não tem como evitar. Saída? O tempo... No início, a respiração é ofegante, curta, rápida e insuficiente. As palavras são ásperas, rudes, mesquinhas e vingativas. Os pensamentos são os piores possíveis. Sentimos intensamente cada emoção, e não é nada bom. Há escuridão, que traz o medo. Não sabemos onde tudo isso vai dar. Não sabemos se e como iremos sobrevive

Grãos de areia

As ondas estão desmanchando os castelos, A areia ressurge como caminho a ser trilhado. Os sonhos que sonhava acordada Dão origem a uma visão mais nítida do lugar que ocupo. Os suspiros, que esvaziavam meus pulmões de ar, Enchendo-os de ansiedade, Dão lugar a uma tristeza fértil. Transito na dor de modo transformado. Não a dor da ausência, da solidão, do esquecimento, da indiferença... Dor de adeus, dor de fim. Quem sabe agora eu volte a ter força para remar E cruzar o oceano que me afasta de minha sensatez? Belos castelos, aqueles. Como dói vê-los apenas grãos de areia salgados pelo mar. Voltar a ter apenas dois pés e duas mãos... Que retorno doloroso, meu Deus! O nascer e o por do sol, Cavernas a explorar, Montanhas a atravessar, Na ausência de cumplicidade para os olhos E sentido para os sentidos. Não é o mundo que se desfaz, é um modo de vivê-lo, Um modo de ser despertada por ele. Onde buscar o encanto que me oferece como berço a todas as criaturas vivas? Como espreitar as emoções
Te filmei Não sei como começou Não me lembro da despedida Não guardei seu nome Nem trocamos telefone. Apenas caminhamos lado a lado Escondidos sob olhares evasivos E outros disfarces. Tão casual como encontrar alguém numa fila de cinema. Te filmei. Guardei daquele encontro o olhar: Penetrante. Desejei de novo aqueles olhos. Mas tudo parecia ter desaparecido nas ruas da cidade. Lembrei do seu rosto Mas não liguei o nome à pessoa. As lembranças foram decantando aos poucos Em imagens esparsas que buscavam algo deixado guardado no esquecimento. Às escuras, Fiquei apenas com a lembrança do desejo de rever. E me deixei ficar ao seu lado Tentando recuperar a atração guardada em segredo. Em vão. Mas vivo na lembrança. . . .

Mulher rendeira.

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Foto de Jmac - Olhares.com Eu devia aprender a rendar. Nunca fui prendada para as coisas das mãos, que levam muito tempo para ficarem prontas. Imagine, dias e dias trabalhando e a belezura longe de chegar. E dá vontade de fazer coisas mais animadas, dormir na rede, por exemplo, ou jogar cartas, se é prá ficar ali sentada, ou fazer um bolinho de chuva prá comer com limonada de casca e café bem preto. Pelo menos, se rendasse, a espera passava. Que espera é muito bonito no papel, no repente, na canção, mas vai agüentar ela, vai. Ela te incomoda pior que coceira, que para esta tem remédio coçar. Ela deixa você parecendo avariado, olhando na direção onde não tem ninguém, demorando prá responder quando perguntam, perdendo as palavras no meio do assunto. A espera te faz presa mansa, que nem tenta fugir, que agrada estar totalmente entregue à sorte e ao azar. Ou passava a renda. Que, se a espera fosse mais teimosa que os dedos, eles tinham que parar para puxar o tempo. Que no longe nunca s

Abraço.

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Foto de Miguel Lucena Abraço. Que delícia esse abraço... Então fica. Estou aqui. Quero ficar. Esperei tanto por isso! Eu também. Meu coração disparou. O meu estancou. Precisava tanto dividir o peso... Relaxa. Precisava tanto dessa emoção... Não a temo. A amo. Teu abraço me deu descanso. Repouse em mim. . . .