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Como botão de rosa

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Como botão de rosa Minha realidade é sólida como uma ilusão, já não confio em meus passos. Eu deveria estar atenta ao que não vejo, mas apenas tenho nas mãos o que percebo. Preciso ter pés curiosos a me levar para onde jamais estive, e ouvidos surdos, para que as palavras não me turvem a visão. Porque será que acredito tanto nas intensões e tão pouco nos gestos? Sobreviver faz de mim um ser embrutecido e já não sinto o sabor da brisa em minha pele. Afeita a ventanias e tempestades dificilmente choro quando o botão de rosa cai. Hoje eu despenquei no abismo e, girando, senti as pás do moinho. .

Rio de duas mãos

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Foto colhida no blog http://umpoucodetudo.blogspot.com Rio de duas mãos Pela janela vejo um rio de duas mãos Uma que corre para o leste Anunciando a luz do que há por vir, Outra que desliza para oeste Perscrutando a noite que sempre renasce. Duas mãos a me levar. As naus que ali adormecem sonham com mares ainda virgens e recordam as tempestades defloradas. Sem pressa de atingir seu destino Comemoram o descanso merecido. Duas mãos a me levar. Águas plácidas refletem o inverno de galhos desfolhados em sinuosas sombras O vazio faz nascer a imagem da primavera Prometendo o verde e o perfume que o frio levou para longe de mim. Duas mãos a me levar. .

Inteiro ao meio

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Inteiro ao meio Inteiro ele estava ao meio Meio inteiro, meio ao meio Inteirava a metade que faltava Sendo meio, sentia-se inteiro Meio só, meio acompanhado Inteiramente ele mesmo .