No deserto de Itabira.
Foto de Paulo Bizarro. No deserto de Itabira (Conversa com a “Viagem na Família” de Drummond) No deserto de Itabira, Quantos silêncios... Há uma solidão que não sei onde se esconde, Uma ausência que se desfaz ausente, Areia e pó a valsar nos cantos Como reminiscências de outros ventos. No deserto de Itabira Desfaleço em meu suor Escorrendo do rosto, como lágrimas, Sob o sol escaldante Que o mar de histórias me lança. No deserto de Itabira Minha infância me faz visita Brincando de esconder e de achar No jogo de claro e escuro Que aos olhos parece miragem Mas que as entranhas identificam Como película de familiaridade. O deserto de Itabira Corrói o coração menino Enferrujando o sangue que pulsa. As veias conduzindo o irrisório riacho, Já minguando em sua secura, Entre as pedras que anunciariam a queda. Ainda viva, a sombra de meu pai. Caminha a meu lado, mais companheira do que nunca, como a despertar-me de sonhos esquecidos. Não sei como pude me distrair E conduzir meus passos olvidando