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Mostrando postagens de 2012

Não havia

Não havia uma menina a pedir-me leite _ os meninos voaram para longe Ou um homem a me acolher no seu silêncio. Havia, sim, uma longa estrada a percorrer, recolher os pertences e partir. Nunca se sabe para onde...

Meu filho, eu te vi

Vi meu filho chorar. Chorar muito. Faltava o ar,  Faltavam as palavras. Fazia movimentos involuntários, Sentiu dormência em sua mão... Dor. Muita dor. Vi meu filho se buscar. Perdido entre anseios e receios, perguntas sem respostas e o escuro à sua frente. Dorido do peso vertical da Autoridade vergando sua alma. Impotência. Vi meu filho se encontrar. Ainda diante da estrada Ele dizia os descaminhos a evitar, O vazio a percorrer E a alegria de ser verdadeiro. Orgulhoso de se tornar si mesmo. Paz.  Vi meu filho crescer. . .

Poema para o menino que virou anjo

Meu menino, Meu menino! Ninguém te avisou como era duro este mundo... Difícil entrada. Meu menino, Meu menino! Tantos chegam sem abraços, Mas nossos braços ansiavam por te acolher. Meu menino, Meu menino! Tantos sem um lugar para existir, E teu lugar era quando, aguardando teu desejo. Meu menino, Meu menino! Tantos sem o amor que os faça fortes, E nosso amor já transbordante, esperando teu sorriso. Meu menino, Meu menino! Que tinha asas, que tinha sua morada desenhada nas nuvens, Nao te sabíamos um anjo... Meu menino, Meu anjo... Quiséramos nós te proteger de todos os perigos, Quiséramos nós ser o esteio de teus passos... Meu menino, Meu anjinho... Serás tu a nos proteger, a guiar nossos passos. Serás tu nosso anjo guardador. Meu menino, Meu anjinho, Me perdoe pela dor de não poder compartilhar a vida contigo. Meu anjinho, Meu anjinho, Se há para ti uma morada no céu, Há também uma morada no meu coração. .

Perdi alguma coisa?

Às vezes, distantes, Perdemos parte do que poderia ter sido. Voamos e beijamos as flores do caminho, Ausentes dos corações guardados. Às vezes, distantes, Ficamos à margem do rio, Que corre seus dias e suas noites.

Leve leva a vida

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O que mais a vida há de levar? Já levou minha inocência, que eu escondia dentro do tatu-bola; Levou minha infância, que adorava dar cambalhotas e vivia suada e despenteada; Levou embora um monte de sonho, deixando no lugar escrivaninha, louça para lavar e um relógio que se repete a cada dia; Levou prá longe minha imagem no espelho das águas, cada vez mais trêmula, cada vez mais tênue, cada vez mais disforme; Levou de mim o alvorecer, entardeSendo, anoitando, minguando. .