Leve leva a vida




O que mais a vida há de levar?

Já levou minha inocência,
que eu escondia dentro do tatu-bola;

Levou minha infância,
que adorava dar cambalhotas e vivia suada e despenteada;

Levou embora um monte de sonho,
deixando no lugar escrivaninha, louça para lavar e um relógio que se repete a cada dia;

Levou prá longe minha imagem no espelho das águas,
cada vez mais trêmula, cada vez mais tênue, cada vez mais disforme;

Levou de mim o alvorecer,
entardeSendo, anoitando, minguando.

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