O SAGRADO FEMININO



Há singularidades que envolvem a saúde, o bem-estar e a sexualidade das mulheres que merecem um espaço reservado e protegido para serem cuidados.

São tantas etapas na vida em que nosso ventre se abre para receber e exteriorizar o sagrado! Na puberdade, sem jamais estarmos preparadas psíquica e emocionalmente para isso, passamos a produzir internamente a morada para a chegada de um bebê. E a cada mês, derramamos sangue por nossa pureza. Mas não somos conscientes disso. Alguém nos explica que isso se chama menstruação, nos ensina a usar absorventes e nos leva a um médico para tomarmos um anticoncepcional e podermos viver uma sexualidade livre.

É necessário muito diálogo envolvendo essas experiências para tudo isso não ser vivido como invasão e coisificação do corpo jovem da mulher!
São muitas etapas que devemos atravessar para nos apossarmos de nós mesmas. Nossos corpos passam a ser considerados objetos de desejo muito antes de o desejo sexual ser concebido em nosso ventre. Isso leva muitas e muitas mulheres a não poderem escolher quando, como e quem vai penetrar o seu íntimo espaço sagrado. Um olhar abusivo pode ser suficiente, em alguns casos, para gerar um medo permanente.

As parcerias amorosas chegam com ou sem convite. Nem sempre são parcerias verdadeiras, e nem sempre são amorosas. Nosso espaço sagrado vai sendo preenchido por emoções, sensações e sentimentos muitas vezes avessos àqueles com os quais sempre sonhamos em viver quando, finalmente, encontrássemos nossa metade da laranja.

E quando um bebê é gerado em nosso ventre, nem sempre estamos preparadas ou dispostas a ser mães. Mudar totalmente nossa rotina de vida, assumir gastos e responsabilidades além de nossa imaginação. A ideia de existir um ser que depende totalmente de nós para sobreviver é assustadora! Nesse momento, a prisão emocional de termos que ser boas, amorosas e compreensivas nos coloca em uma cela solitária da qual talvez nunca mais consigamos sair.

Muitos são os momentos em que nossos corpos reagem aos percalços e nos deixam na mão. Cólicas, dores de cabeça, tensões pré-menstruais, depressões e ataques de fúria podem insurgir em nossa proteção mas, na maioria das vezes, essas vozes de dor são caladas pelos conceitos que a medicina construiu e o que há de mais pulsante e vivo em nós passa a ser tratado como doença.

É fundamental darmos voz a cada um de nossos sentimentos, emoções, pensamentos, indiferenças, conflitos internos, contradições, esquisitices, maluquices, singularidades e deixar brilhar nossa luz da maneira mais autêntica que for possível.


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