Uma mulher
Como recipiente,
pode hospedar energias em formas variadas,
sólidas,
líquidas,
gasosas,
espirituais,
subjetivas,
intocáveis e, até mesmo insondáveis.
Como vinho,
pode enebriar os humores,
tingir os momentos,
adocicar a vida,
e enternecer a tarde,,
amadurecendo no tempo dos encontros.
Se o recipiente for frágil
pode rachar, e não poderá conter o vinho.
O vinho pode embebedar e manchar até a alma.
Apenas no encontro o recipiente e o vinho poderão ser, respectivamente,
ocupado e sorvido.
Pode ter um encanto natural,
que convida a gente a sentar em seu colo.
Com um simples olhar acompanhado de um sorriso, tornar-se um lugar confortável e seguro.
Pode falar sem arrogância ou certeza:
ser capaz de transitar no incerto e no feio,
no escuro e no áspero
com leveza e calma,
sem afobar a quem se aflige nestes terrenos perigosos.
Pode falar como uma mão que apóia e conduz.
E, então, dançar livremente!
Estando atenta aos ritmos,
aos passos descompassados,
aos afobamentos e hesitações,
incluindo tudo isso numa coreografia de encontrar.
.
.
.