Jardins

Foto de Afonso de Souza Figueiredo




Jardins





Desci a Bela Cintra já altas horas,

segura como se estivesse em Sherbrooke.

No coração de São Paulo, ainda existe cordialidade.

Pode-se andar a pé na calada da noite.



Na Moacir, seis moços conversavam ao pé da soleira.

Pela alameda, uma senhora de seus sessenta, alimentada a pão-de-ló,

seguia seu cão em roupas à vontade.
.
Os poucos carros ainda se estranhavam nos cruzamentos e garagens.



Francamente, segui o caminho em direção ao Balcão.

Sinuosidades massageavam meus pés naquele fim de domingo

em que apenas a iluminação do Piero atrapalhava.

Em noite de lua cheia, gosto de ter só luz de prata.



Um burburinho de mesas descendo a ladeira à luz de velas em altos brados,

típico daquela juventude entusiasmada,

revelou que os anos se passaram e meus tons já não são os mesmos.

Admiro na beleza das cores das flores os seus frutos.



Enfim, o abraço esperado depois de anos de despedida.

Como é bom viver numa cidade onde podemos ressurgir das cinzas!

Dá medo de morrer, como na brincadeira de esconde da criança,

sem re-encontrar as pessoas escondidas nos desvãos da lembrança.



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Comentários

Unknown disse…
Bela poesia.
Nos conhecemos no Ó, sou o fã do Kiko dinucci.
mandei um email p/ vc num email do yahoo, não sei se recebeu.

Parabéns e Beijos

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