Desaforo.
Foto: Helder Almeida. Desaforo. Nem sempre é a nudez que revela o ser. Escondido sob a alvura ele pode ofuscar. Ostentado pela beleza ele pode enfeitiçar. Fragilizado na entrega ele pode estilhaçar. Procura-se uma concha. Silêncio com dimensão de oceano a ecoar. Janela que emoldura, Túnel que esconde, Roupa que aloja, Forma que transcende. Dentro se faz escuro e frio. Mãos pálidas se calam. Os pés cálidos, Cegos e surdos, nada pressentem. Arrojada, a voz entoa seu gemido. O dentro está sempre a desaforar.