Postagens

Mostrando postagens de 2008

Traições.

Imagem
(Foto: João Matos) Traições. Brincar, quando as trevas iluminam o caminho. Poupar, quando o momento exige investimento. Ficar, quando o que está estagnado pede movimento. Ceder, quando se trata de algo imprescindível. Duvidar, quando tudo depende da confiança mútua. Acelerar, quando o processo de mudança caminha a passos lentos. Aparência, quando a dor não mostra sua face. Dormir, quando a presença se torna insuportável. Comer, quando a angústia consome todo o seu ser. Fumar, quando não resta saída, senão entorpecer. Sorrir, quando é honesto chorar. Enfeitar-se, quando só se pede um olhar. Fazer planos, quando os sonhos permanecem adormecidos. Produzir, quando se esquece o sentido da luta. Agüentar, quando a alegria e a felicidade já não são almejadas. Suspirar, quando é necessário fôlego para terminar a jornada. Cobrar, quando o outro não tem como quitar. Acusar, quando tudo o que se deseja é o entendimento. Fazer amor, quando o toque nos confirma a perda do encantamento.Controlar

Labirinto

Imagem
Foto de Manuela Vaz Labirinto Quando a vida pulsa além do que alcanço não encontro palavras. Perdida em meus próprios túneis penetro no labirinto ávida por encontrar aquele que irá me devorar. . .

Flor de maracujá

Imagem
Foto de Alberto Alves Flor de Maracujá . Florir não é qualquer tempo. Quanto existe numa flor! (possa ela existir) . .

Não perca o seu latim

Imagem
Foto de Luísa Louro . Não perca o seu latim . . Não perca o seu latim fazendo promessas prá mim (bis) . Faz tempo, não é de hoje que suas palavras são campim não valem uma banana não iludem nem um curumim às vezes até me diverte tu dissimulando assim! . Não perca o seu latim fazendo promessas prá mim (bis) . Contigo era só alegria na praia, no morro ou no bar nos dedos a harmonia eu no desatino a cantar comida era tu quem fazias carneiro, feijão, vatapá. . Não perca o seu latim fazendo promessas prá mim (bis) . As páginas estão viradas o que passou, já passou se hoje eu dou risada é que, enfim, supurou. O dia raiou distante, a tempestade cessou. . Não perca o seu latim fazendo promessas prá mim (bis) . .

Estrela Pantanal

Imagem
Foto por Ricardo T. Alves [ www.ricardoalves.net ] Estrela Pantanal Nessa rua, nessa rua, todo mundo tem lugar cada um fale por si Vem prá roda, vem sambar Nessa rua, nessa rua, cada um venda seu peixe João, Maria, Antonieta, Paulo, César, Valdemar. Nessa rua, nessa rua, dá vontade de ficar galo canta, vida chama tô querendo me achar Nessa rua, nessa rua, passa a história a caminhar Ei, você, aí parado vem prá roda, vem sambar Nessa rua, nessa rua, vou pintar, fazer sarau nesse céu de São Miguel brilha a Estrela Pantanal . . Em parceria com Tiago Rocha .

Novelo

Imagem
Foto de Paulo Marques quero enovelar-me contigo trançando pernas enroscando abraços me perdendo no espaço demorando no tempo como se mergulhasse em ondas de perdição enlouquecendo um pouco fazendo a vida parar e, apenas sentidos, parecer que me encontrasse . .

Vindouro

Imagem
Foto de Vasco Oliveira Vindouro Das folhas verdes não vemos o inverno Folgamos livres de pesar ou temor O destino é um canteiro de obras Sem aviso ou contra-mão Sobre a lápide estreita coberta de flores jaz a primavera jurada de vida . .

Quimeras

Imagem
Foto de Eduardo Almeida . Quimeras Nunca te prometi rosas vermelhas. Mas, o que são palavras? Gostaria de ter enviado. A distância entre o que foi e o que poderia ter sido. Ah! As distâncias! Sempre a te ofuscar de mim. Lado a lado duas quimeras gotejam um aljôfar de candura. Teu sangue e teu espinho sempre a despetalar-me. . .

Artesão

Imagem
Foto de JMF Coutinho [José M F Coutinho] . . Artesão . . Segura minha mão ao modo do artesão fazendo-me viver por obra do teu querer. . Conforma meus movimentos com a firmeza de teu pinçar dando vida ao não nascido nessa mulher por rebentar. . Faz do meu barro a massa do teu pão alimentando tua alma no leito do meu vulcão. . .

Mãos de uma vida

Imagem
Foto de Luis Ventura . . Mãos de uma vida . . Já não trago tabaco, vinho, ou mãos vazias. Depois de tanto caminhar, peso sobre a bengala. . Doces os frutos colhidos, amargas suas raízes arrancadas ao dissabor de um tempo que não vivi. . Tateio com o rosto ao vento a ver que ares sopram do horizonte. Selo meu cavalo mais manso pois, longe não vou mais, não. . .

Em si mesmo.

Imagem
Foto de Inácio Silva www.inaciosilva.com Em si mesmo Adentrou no mar revolto como era de seu costume impossível saber quando retornaria O turbilhão o tomava todo lambendo sua pele com o sal torcendo seu corpo com as ondas deixando-o sem fôlego nas águas turvas e violentas Não que isso o assustasse Era o seu refúgio Lugar de reencontrar o elo perdido quando nem ele mesmo dava notícia de si Aquela solidão era necessária assim como o desassossego Ausente da praia podia se espraiar mergulhar em busca do que não sabia converter dias em eternidade sendo ele mesmo a única medida a única referência âncora e vela correnteza e ventania. . .
Imagem
Foto de Ricardo Cordeiro . . Uma lua me sorriu Crescente Um vórtice de cor púrpura Me tirou do chão e me lançou aos céus Onde flutuei como luz Ora dourada, ora prateada Ficando cega Virando espuma Morrendo no mar Ganhando asas. . .

Mínima VII

Imagem
Foto de Luís Lobo Henriques É na falha que se pode ver o brilho do diamante . . .

Mínima VI

Imagem
Foto de Luís Gonzaga Batista Quando a gente está para a vida ela nos toma de sobressalto . .

Mínima V

Imagem
Sou tragada por uma areia movediça que me apresenta o infinito . .
Imagem
Seja criativo: erre diferente! . .

Mínima IV

Imagem
A maior missão que temos na vida é aprender . . .
Imagem
A esperança às vezs se esconde em baixo de uma pedra. . . .

Trapezista

Imagem
Foto de Joaquim Fial Trapezista Serei tua rede, quando, porventura, o chão se abrir sob teus pés. Do amor entendo um pouco, pois me ensinas a cada instante. Todo gesto em ti é amoroso. Tudo em procurar alcançar, tudo em desejar se encontrar. Serei eu teu esconderijo, quando, no inverno próximo, necessitares abrigo. . Aquecerei tuas frias tardes, acobertando a dor no calor do meu colo, na suavidade da carícia que minha língua deitará sobre a tua pele, aliviando tua carne maltrada, na firmeza com que vou segurar tuas mãos, para jamais esqueceres que tens para onde ir. Serei tua canção, quando, porventura, teu coração falhar. Entoarei teu ritmo, para voltares a se escutar, encontrando, novamente, tua alegria. Cantarei ao teu ouvido, para me saberes real e tua. . .

Mínima III

Imagem
Foto de Carlos C (O Maltês) Paixão Vida a se deixar Sem aprisionar a morte . . . Sombrio seria aprisionar a paixão para que ela não morresse. . .
Imagem
Foto de Rui Gouveia Se tua morada não tem o teu rosto, compre uma bicicleta. . . .

Mínima VIII

Imagem
Foto de Manoel Passos Quando o impossível é o que me completa mordo a maçã. . . .
Imagem
Foto de Fátima Silveira O corpo Sobre o corpo Depois do corpo no corpo.

tua mãe

Imagem
Foto de Fernando Quintinho Estevão Se fosse tua mãe, o desejaria iluminado e o manteria sempre protegido dos raios que assolassem sobre ti. Se fosse eu tua mãe, caminharias sempre por terras férteis pés descalços, peito aberto, alma resplandecente. Se eu fosse tua mãe, carregarias quimeras nos ombros, verias tua imagem refletida em espelhos que não são de narciso e viverias uma vida tão plena que não temerias o derradeiro. Se pudesse eu ser tua mãe, nascerias do amor do homem e da mulher, da carne na carne, feliz do desejo que te fez homem, sempre seguro da minha presença. Jamais experimentarias o desamparo. Se eu fosse tua mãe, te amaria como jamais alguém sonhou ser amado, orgulhosa da mãe cautelosa e amorosa que reside em mim. Denise Gomes.

Crisálida

Imagem
Foto de Gustavo Boaventura Tudo é possível até a encruzilhada. Leste e oeste dividem nosso norte Havendo ali chegado De acaso e quereres intransitivos. Cabelos ao vento, bolsos vazios Negam garantias de desapego. A pele curtida do sol É o avesso da armadura. Solene é o instante imóvel. Paralisia do diafragma, suspenção do arbítrio. Diante do desígnio infinito Cada lagarta repudia a seda. Denise Gomes.

Humilhação

Imagem
Foto de Vitor Nunes Humilhação Jogaram meu chapéu na lama e desci da calçada Construíram um muro de mil atrocidades e explodi uma bomba no ônibus Plantaram combustível por todo lado e alimentei meus filhos com meu fogo

Impotência

Imagem
Foto de Te oferto minha impotência diante do teu sofrimento. Se eu pudesse, tiraria todo o peso do teu peito. Tua dor. Se pudesse, respiravas aliviado e amanhecias renovado de esperanças. Teu devir. Se pudesse, abririas os olhos e só verias as cores que te aprazem. Tua cura. Se pudesse, te carregava ao colo, repouso do guerreiro. Tua solidão. Se pudesse, encontrarias todas as chaves, todas as portas, todos os caminhos e todas as saídas. Tua liberdade. Denise Gomes.